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quarta-feira, junho 22, 2011

Próximo a um Holocausto,será?

Olá amigos:

Continuando o que conversamos ontem.

O trabalho infantil, para os pais pobres, é a única saída. È nossa responsabilidade conscientizá-los dos malefícios para que não encaminhem seus filhos às piores formas de trabalho infantil. Nenhum pai, por pior que seja,  concordaria em tirar o futuro de seus filhos.  Seu Leôncio, homem forte de mão calejada, tossia muito.  Era neto de escravo, teve nove filhos. Morava no Bairro Encapoeirados, Apiaí, SP. Meu companheiro de luta pela libertação das comunidades pobres. Conversávamos muito sobre fé e política. Era líder da comunidade, em sua casa de pau a pique, chão batido, fogão a lenha, ar esfumaçado, me explicava: “Nove filhos, seu Paulo, eu preciso de braços para viver!” Alguns dos seus filhos estudaram até a terceira série. Causa: escola rural carente e multi-seriada. Mas foi um lutador, com bom senso crítico. Quando o bairro cresceu a escola melhorou,   e alguns dos filhos, os mais novos, avançaram no estudo.  Seu Leôncio viveu à margem da estrada por longo tempo, e sempre reclamava de uma dor no peito. Quando liderou o movimento na década de 70, alfabetizou-se. Seus filhos seguiram outros caminhos. Quando crescidos e preparados encaminharam-se para novos trabalhos, deixando para trás uma vida de perigo.

O Brasil está cheio de pessoas, que andam à margem da estrada, descalços, pisando pedras e espinhos, olhares furtivos. É o caminho da vida, estrada amarga, estreita, à beira de abismos, sem o sol da liberdade, às escuras sempre. Estrada que leva ao reino onde a tristeza mora, o futuro não existe, onde os frutos  não tem sabor. Ali a presença da morte é constante. Espera cada um deles. Morte que liberta e transmuda, transformando-as em um “Ser”. Nós também vivemos o holocausto, creio que ainda persiste. Se você aguçar os ouvidos e olhar diferente, escutará gritos e verá a dor. São milhares, milhões de pessoas, sequer percebidas pela humanidade daqueles que os rodeiam. Já foram dez milhões, e hoje, ainda, quase dois milhões e duzentos mil. Elas existem, são pacíficas, dóceis e bonitas, só não tem voz e vez. São crianças e adolescentes inocentes em situação de trabalho precoce. Sujeitas a todas formas de malefícios.

SALVEMOS AS NOSSA CRIANÇAS!

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