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sexta-feira, agosto 26, 2011

A Vitória da Erradicação vem Quando Multiplicamos a Indignação.

Olá amigos:
Vamos sentir as palavras do Dr. Gilson Delgado ...


Tenho exercido militância em defesa da causa da criança. Falo com as pessoas na rua, nos táxis, em reuniões para engrossar o contingente de pessoas indignadas. A reação das pessoas é um alento para a solução do problema. O desconhecimento é profundo mas a indignação é uma grande companheira. Difícil quem não pede mais de um cartão vermelho. De uma reunião brotam outras reuniões, até em Câmaras Municipais. Este exercício é muito importante porque nos torna um membro atuante e uma pessoa feliz e estimulada. Foi assim nas duas últimas semanas em Ibiúna, Sorocaba, Limeira e Sarapuí. Com outras dezenas de pessoas, no dia a dia, é ali, na bucha, corpo a corpo.  É Muito legal a experiência e a  recomendo a todos. Foi dessa forma que nasceu esta fala do Dr. Gilson Delgado.

Dr. Gilson, meu oncologista, dá o seu testemunho de indignação após ter-lhe eu dito que 90.000 crianças de 5 a 15 anos ainda trabalham no Estado de São Paulo e que somos o segundo Estado no Brasil em número de crianças exploradas sexualmente. Eis o seu desabafo solidário.

Pois é, Paulo, esses dois números são alarmantes para mim também. A gente lamenta e observa que sem um trabalho sério como este, ninguém poderia saber da sua real dimensão.
Me incomoda muito, a possibilidade de que as nossas crianças estejam sendo encaminhadas ou melhor desencaminhadas para uma situação tão lamentável, tão desagradável como esta.  O lugar de criança é na escola, todo mundo sabe disso, e a grande preocupação é que hoje os pais tiram as crianças da escola, muitas vezes por necessidades próprias da família, mas também, porque são ignorantes, são despreparadas.
 O problema do Trabalho Infantil me preocupa muito, quando você  falou os números do trabalho infantil e o número de crianças exploradas sexualmente, fiquei muito triste. Outro dia assisti a um filme real na televisão e eu fiquei muito preocupado, pois uma moça lá no Pará, disse que foi vendida por seu pai quando tinha treze anos de idade para a prostituição e as outras meninas que estavam naquela casa, na prostituição, achavam que a melhor solução era aquela mesma. Essa menina até se rebelou contra a situação e fugiu. E eu,  então, perguntei:- “Quantas meninas podem se rebelar ou não contra a situação, quantas meninas não são mortas por se rebelarem, quantas meninas são prostituídas também, ou são usadas por exploradores?”.

Nós sabemos que o desenvolvimento de uma pessoa não é só físico, mas é psicológico e espiritual simultaneamente. Não acontece separado, a gente não pode seccionar pessoas, elas são inteiras. Essa violência contra as crianças, provocada pelo Trabalho Infantil faz muito mal, essa violência da responsabilidade que tira o brincar, é onde ela aprende, essa violência de não saber se colocar no  mundo, essa violência de não saber ler e escrever, muitas vezes de não saber entender o que escreve, o abuso sexual, o abuso em outras dimensões, nos levam a afirmar que essas crianças foram perdidas na sua vida, na verdade foram truncadas no aspecto físico, todos subdesenvolvidos, o número de doenças nas crianças passa a ser maior, sem sombra de dúvida. O aspecto psicológico então, é insolúvel; a partir de então, são problemas que não se resolvem mais.
Ah, e os problemas espirituais! Ah, se a evolução das pessoas pudesse ser feita até espiritualmente, se a dimensão das pessoas pudesse ser feita até em nível espiritual, nós teríamos o tratamento da pessoa inteira,  no todo.  Ah, mas essas pessoas jamais terão a dignidade a não ser do próprio Deus. Os homens tiraram a dignidade das pessoas. É muito triste! 

domingo, agosto 14, 2011

Uma Contribuição Para Defender a Infância contra a Cegueira


Retinopatia da prematuridade
Cuidado com os olhinhos do seu bebê
Existe uma doença que não é muito conhecida pelos pais e precisa ser difundida: a retinopatia da prematuridade. Atinge principalmente os bebês prematuros ou com baixo peso ao nascimento (os bebês nascidos antes de 36 semanas e com peso abaixo de 1600 gramas são os mais propensos).
A retinopatia da prematuridade é o crescimento desorganizado dos vasos sangüíneos que suprem a retina (camada mais interna do globo dos olhos) do bebê. Esses vasos podem sangrar e, em casos mais sérios, a retina pode descolar e ocasionar a perda da visão da criança.
Isso acontece mais nos bebês prematuros pela imaturidade desses vasos sanguíneos. Os vasos terminam de se formar até o final da gestação e nos prematuros não estão totalmente formados. Mesmo crescendo após o nascimento prematuro, podem crescer de modo desarranjado, ocasionando a retinopatia.
Outro fator que pode ocasionar a doença é o uso irracional de oxigênio no berçário. As Unidades de Terapia Intensiva não podem abrir mão do uso do oxigênio para salvar vidas ou para não deixar seqüelas cerebrais, mas o nível de oxigênio usado pelos médicos é mais baixo do que antigamente, sem que isso cause dano ao bebê ou aumente a possibilidade de retinopatia.
A incidência dessa doença aumentou devido à tecnologia avançada da medicina que permite a sobrevida de bebês cada vez menores. Atinge meninos e meninas de maneira igual, um terço dos bebês com peso inferior a 1500 gramas e mais de 80% dos bebês com peso inferior a 1000 gramas.
Fique atenta, mamãe - O não encaminhamento precoce dos pediatras e a falta de preparo de alguns oftalmologistas para diagnosticar e tratar a retinopatia pode ser a causa de grande quantidade de crianças cegas. A retinopatia da prematuridade é uma das maiores causas de cegueira no Brasil.
A retinopatia que se encontra nos dois primeiros estágios regride espontaneamente. O primeiro exame deve ser realizado entre a quarta e sexta semana de vida do bebê e ser acompanhado até que os vasos se formem totalmente ou até a regressão total da doença.
Se a criança apresenta a doença no estágio 3 é necessário um tratamento com laser ou crioterapia, que paralisam a progressão da doença. A partir do quarto estágio uma cirurgia é recomendada, mas a probabilidade de baixa visão e cegueira é maior.
Os bebês que tiveram a regressão espontânea e mesmo os prematuros devem fazer acompanhamento anual ou aos retornos recomendados pelo oftalmologista, pois há riscos de outros problemas como estrabismo, diferenças de grau entre os olhos, necessitando muitas vezes de óculos.
Informe-se com o pediatra do seu bebê sobre a retinopatia da prematuridade e como diagnosticá-la precocemente.
Dicas
  • Mamãe, faça um bom pré-natal durante toda a gestação, assim poderá evitar um parto prematuro.
  • Tire todas as dúvidas que tenha com o médico, ele saberá melhor como suprimi-las.
  • A melhor forma de evitar seqüelas da retinopatia da prematuridade é a prevenção. Peça ao médico o exame da doença.
Bruno Rodrigues

segunda-feira, agosto 01, 2011

Quando a Prevalência do Direito não é Aplicada o mal se Impõe.


Olá, amigos!

Para salvaguardar familiares, estou omitindo nomes reais e localidade. 

Nasci prematuro. Após um período de seis meses de gestação, a bolsa onde estava alojado estourou. Foi uma correria, mamãe e papai nervosos, meus avós preocupados; conseguiram uma ambulância e lá fui eu, para uma cidade maior, com mais recursos. Eu era muito pequeno, do tamanho de uma caixa de sapatos, pesava um quilo e cem gramas. Não foi fácil ficar na incubadora para ganhar peso e acabar a minha formação, rezando para não ter nenhuma anormalidade. Foram dias de luta e mamãe sempre ao meu lado. Tive duas paradas cardíacas e meu pulmão precisou de auxílio para que eu respirasse. Ufa, foi uma luta duríssima para sobreviver. Entre os vários amigos e amigas que permaneceram ao meu lado e me ajudaram a sobreviver, um deles examinou meus olhos. Percebi que ficou nervoso, pois alguma coisa não estava bem. Deixou anotado no relatório, mas não fez nenhuma intervenção. Passados dois meses, ganhei peso, estava mais forte. Fui, então, transferido de volta para minha cidade, onde ficaria alguns dias em uma incubadora. Já em casa, mais gordinho, passado o susto, minha avó passou a ler o meu relatório. Fiquei muito contente porque sabia que eles iam descobrir sobre os meus olhos. Não deu outra: quando viram a anotação, foram ao posto de saúde e, de posse do relatório, pediram uma consulta urgente. A atendente marcou a consulta para dali a trinta dias, numa cidade distante. Pensei comigo, por que tanto tempo? E o artigo 227 da constituição, e o Estatuto da Criança e do Adolescente, onde ficam? Sou uma criança e devo ser atendido com mais rapidez, prioridade absoluta, ainda mais sendo prematuro. No dia marcado, fomos para a consulta. Estava frio na viagem. Chegamos ao tal Posto de Saúde, eu contente, esperando por ser atendido, mas vi mamãe aflita. Pensei em qual seria o motivo. Era uma adulta mulher falando alto: “mas como a senhora não trouxe a guia de encaminhamento para este exame? Não posso liberar o exame sem a guia!” Mamãe, nervosa, tentou argumentar que a funcionária que marcou o exame não lhe tinha dado o documento, que moravam há mais de noventa quilômetros, e o menino precisava ser atendido com urgência. Mandaria pelo correio. Eu fiquei nervoso também, e pensei em gritar sobre esse descaso: onde fica a prevalência do direito ao atendimento por eu ser um bebê? Um simples papel não poderia ser maior que o valor de um ser humano. Isso não podia estar acontecendo. Não houve jeito, voltamos. Passou mais um mês e retornamos àquele posto de saúde. Fomos atendidos pelo doutor de olhos: “vocês têm de correr, pois ele precisa urgente de tratamento, está com retinopatia por sua prematuridade”. Eu, que tanto lutei, estou prestes a perder a visão porque a burocracia foi mais importante que uma criança doente. Não é possível! Em nenhum momento vi prevalecer a prioridade absoluta, como prega o artigo 227 da Constituição. Depois de vai e volta, correram comigo até chegar a uma especialista. Resultado: estou perdendo a visão, com chances de recuperação se fizer exercícios de estimulação para o olho direito. Apesar de tudo, eu sou um vitorioso e não vou desanimar, por isso vou levar a sério os exercícios. Depois disto tudo, vocês sabem que não dá para calar. Tenho de abrir a minha voz para todo o Brasil; quantas crianças como eu têm seus direitos violentados, demonstrando o quanto a Constituição não é valorizada? Milhares de bebês são prejudicados porque alguém valoriza mais a burocracia do que nós bebês, crianças, jovens. Sem falar do tempo de espera. Quem pagará este prejuízo? Meu nome é Pedro, João, Silvio, Maria, Lourdes, Marina.... Eu preciso contar tudo que estou vivendo, o que passei, e o quanto meu futuro está comprometido. Mas, com a ajuda de meus pais que tanto amo, e de meus amigos, vamos vencer mais esta luta, porque eu sou um vitorioso; além disso, tem muita gente torcendo por mim!

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