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terça-feira, janeiro 17, 2012

Experimente Ver de Forma Diferente o que Todo Mundo Está Vendo.


Olá amigo:
Para que nossa compreensão se estimule é preciso aprender a ver.


Foto de Iolanda Huzack
Foto de Iolanda Huzack












A pergunta que fica ao olharmos as imagens da fotojornalista Iolanda Huzack, que documentou o drama  das crianças em situação de trabalho infantil, é: O que na verdade  o  nosso olhar está vendo ?  Fotos ou mais que isso? Faça um esforço e aprofunde o seu olhar, algo diferente vai acontecer; principalmente se o seu olhar passar pelo sentimento. Talvez você consiga visualizar o futuro destas crianças, afinal, viver o além, é um desafio. Neste sentido, apreciemos a sabedoria de Otto L. Resende.   



Vista cansada
Otto Lara Resende


Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.

Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.

Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.



Caro amigo, gostou do texto? Legal,  então vamos começar a exercitar nosso modo de ver e entender o que as fotos revelam. O resultado: assumir uma posição em defesa de nossas crianças!


Disk Denúncia : 0800 11 16 16

Um comentário:

  1. Já conhecia esse texto, excelente para refletir sobre o trabalho infantil que muitas vezes aparece sutilmente em nossas vidas e nem percebemos...

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